Geninho Thomé
Geninho Thomé é
presidente científico e do conselho de administração da Neodent. |
ARTIGO -
GENINHO THOMÉ
A evolução da
implantodontia
no Brasil está acompanhada da simplificação da técnica
A implantodontia moderna, que utiliza o
titânio na fabricação de implantes dentários e objetiva a osseointegração,
começou no Brasil na década de 80. Até então, os implantes apresentavam
muitas falhas e tinham baixa durabilidade. Quando se perdia um implante, era
perdido o osso também, e com isso inviabilizava uma reinstalação. Depois de
superada essa dificuldade, foi preciso quebrar o paradigma de que os
implantes não provocam rejeição, e tratava-se de um procedimento seguro e
confiável, além de trazer benefícios ao paciente em longo prazo.
No início, os implantodontistas tinham muita
dificuldade para obter conhecimento, pois para aprender novos conceitos era
necessário sair do País. Com isso, a Neodent iniciou um trabalho de pesquisa
e desenvolvimento que tinha como objetivo desenhos mais apropriados de
implantes. Desde o princípio, visamos a técnica da carga imediata e a
estabilidade primária dos implantes dentários. O objetivo era ter desenhos
de implantes adequados para cada biótipo ósseo, um modelo para osso tipo I e
II e, outro, para osso tipo III e IV. No entanto, como ainda não tínhamos
máquinas que pudessem fabricar um implante com boa qualidade, tivemos de
importá-las. Para esse desafio, foi feito um grande investimento, sem
incentivo, com o objetivo de sair de uma produção artesanal para uma
produção com segurança e repetitividade de processo.
Nas duas últimas décadas houve uma
socialização dos conhecimentos científicos, cirúrgicos e de planejamento -
transformando a implantodontia e desmistificando a ideia de que seria uma
técnica que poucos profissionais teriam o domínio.
Um dos principais desafios nesse ramo da
Odontologia era vender a técnica. Os implantes eram fabricados fora do
Brasil e chegavam aqui com um custo muito elevado, sendo necessário
despender um tempo para expor ao paciente uma opção de tratamento onerosa,
porém, com um custo-benefício positivo. Era preciso sair de uma prótese
total, móvel, para uma prótese fixa implantossuportada, sem desconforto, com
maior segurança e estabilidade em boca.
Esta evolução também foi acompanhada da
simplificação técnica. No início, tínhamos de fazer duas ou três cirurgias
para uma reabilitação de arco total. Primeiro, era realizada a extração dos
dentes. Após a regeneração do alvéolo, instalavam-se os implantes que
permaneciam submucosos de quatro a seis meses, os quais eram expostos em
nova cirurgia – dando-se o início à parte da protética. Atualmente, o mesmo
processo é feito em uma única cirurgia. A extração dentária, seguida de
instalação do implante e confecção da prótese imediata simplificou muito o
tratamento reabilitador, diminuiu o tempo de espera e trouxe ao paciente um
conforto maior.
As maiores vantagens de hoje são as
cirurgias minimamente invasivas, sem necessidade de incisões ou suturas - as
quais podem ser acompanhadas de próteses fabricadas com a técnica do CAD/CAM,
que possuem precisão absoluta e excelente adaptação. Com a técnica atual da
cirurgia guiada, o paciente pode ser imediatamente reabilitado e, no dia
seguinte, está sem dor, sem inchaço e retornando às suas atividades.
Assegurando, ainda nos primeiros momentos, o sorriso - melhorando a
autoestima e a qualidade de vida.
Quando o assunto é a reabilitação total, a
tendência mundial atual é instalar um número de implantes cada vez menor. No
passado, eram necessários entre seis e oito para reabilitar uma maxila.
Hoje, quando as condições anatômicas permitem, é possível reabilitar de
forma que o paciente tenha todos os dentes (próteses implantossuportadas)
individualizadas, porém, seguindo a tendência atual da reabilitação, tanto
do arco superior quanto inferior, de instalar quatro implantes para uma
prótese total fixa implantossuportada, que unem todos os dentes entre si.
Para atender essa nova solicitação de
mercado, tivemos que desenvolver implantes e componentes mais resistentes,
capazes de suportar cargas cada vez maiores. Os implantes e componentes
sofreram uma modificação geral, aumentando a resistência, com o objetivo de
alcançar segurança e longevidade do sistema que, na grande maioria dos
casos, permanece em função por 50-60 anos.
Os implantes que desenvolvemos aqui no
Brasil têm os mesmos padrões de qualidade que os internacionais. Contamos
com matéria-prima e máquinas importadas de alta qualidade, além de uma
equipe preparada na produção, no controle de qualidade e gerenciando de
possíveis fatores de risco. E com equipes preparadas e que buscam fazer cada
vez melhor, exercendo a prática diária em busca da excelência, da qualidade
e do desenvolvimento com objetivo final no bem-estar do paciente. Para
desenvolvê-los foi preciso associar bons engenheiros à experiência prática
clínica e os conhecimentos acadêmicos às necessidades mecânicas e biológicas
dos pacientes com o propósito de obter uma execução fácil da técnica. A
consequência é a praticidade e o conforto tanto para o dentista como ao
paciente.
A evolução faz parte do dia a dia e é um
processo dinâmico. Não podemos pensar que um implante desenvolvido há 30
anos atenda a todas as necessidades atuais. Temos de evoluir sempre!
Adequando os implantes para as novas técnicas, para beneficiar tanto o
profissional quanto o paciente. O futuro da implantodontia brasileira, assim
como da mundial, é o fluxo digital. Temos um trabalho bastante árduo de
conscientização para que os profissionais possam usufruir de todos os
benefícios dessa técnica. A implantodontia brasileira é bastante
conceituada, temos profissionais com bom preparo, criativos e capazes de
aplicar técnicas alternativas de acordo com necessidade de cada caso. O
trabalho é de atualização e educação constantes para que possamos manter
nossa posição de vanguarda na implantodontia mundial.
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