Ibraim Masciarelli Pinto é
médico e presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado de São
Paulo. |
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Artigo
- IBRAIM MASCIARELLI PINTO
Edição 224 - 03/06/2016
Morte por tabagismo: você pode evitar
A reflexão sobre a importância de evitar
a morte pelo vício de fumar é importante. De acordo com a OMS (Organização
Mundial da Saúde), o tabagismo é a principal causa de morte evitável no
mundo e embora a sociedade e a indústria contribuam para a existência do
tabagismo, de um modo geral, a responsabilidade de abandonar o vício é do
fumante, que além ser prejudicial para a saúde, principalmente do coração,
prejudica também os cofres públicos.
É imensa a responsabilidade dos fumantes
quanto ao esforço para abandonar um vício letal e muito prejudicial às suas
famílias, à sociedade e ao nosso país, que gasta cerca de R$ 20 bilhões por
ano para tratar doenças provocadas pelo tabagismo.
Em todo o Planeta, há cerca de dois
bilhões de fumantes. Se não forem tomadas providências, que dependem
principalmente da consciência das pessoas, a epidemia será crescente e
causará a morte de 8 milhões de pessoas a cada ano até 2030. As preocupantes
estatísticas da OMS têm congruência com a realidade do Brasil, onde 10,8%
dos habitantes, ou aproximadamente 22 milhões de indivíduos, são viciados em
tabaco.
O fumo mata seis milhões de seres humanos
por ano, 600 mil deles fumantes passivos, ou seja, atingidos
involuntariamente pela fumaça expelida pelos viciados. O mais grave é que
31% das mortes atribuídas ao fumo passivo ocorrem em crianças, vítimas
inocentes de um hábito insensato dos adulto.
Desde 2011 está em vigor a Lei Antifumo
(nº 12.546/11), que proíbe a prática em locais públicos fechados, como
ambientes de trabalho, transportes coletivos, shopping centers, restaurantes
etc. No entanto, muito mais eficaz do que a legislação é o despertar da
consciência. Um exemplo da importância da mudança de comportamento é o fato
de 40% das crianças, em todo o mundo, estarem expostas ao fumo passivo em
suas próprias casas, nas quais as pessoas são soberanas para tomar decisões.
Por que o tabaco mata
A fumaça dos cigarros contém 4,7 mil
substâncias tóxicas. Somente no alcatrão há 40 compostos cancerígenos. A
nicotina, a droga psicoativa do tabaco, causadora da dependência, aumenta a
liberação das chamadas catecolaminas, como a adrenalina, noradrenalina e
dopamina. Essas substâncias químicas contraem os vasos sanguíneos e aceleram
a frequência cardíaca, sendo assim são causadoras de hipertensão arterial. O
monóxido de carbono (CO), ao entrar em contato com a hemoglobina do sangue,
reduz a oxigenação, podendo provocar doenças como a aterosclerose, que
obstrui os vasos sanguíneos, causando infarto e outros problemas
cardiovasculares. Isto ocorre porque o CO e outros componentes do cigarro
facilitam a instalação de um quadro inflamatório geral no organismo, uma
condição que está por trás do desenvolvimento de muitas doenças, dentre elas
a própria aterosclerose.
Não é sem razão que o tabagismo tenha
relação com mais de 50 doenças, segundo dados da OMS: o vício é responsável
por 30% das mortes por câncer de boca, 90% por câncer de pulmão, 25% por
doença do coração, 85% por bronquite e enfisema e 25% por derrame cerebral.
São inúteis medidas paliativas, como trocar o cigarro por charutos ou
cachimbo. Os males de inalar a fumaça e as substâncias tóxicas são os
mesmos. Por isso, é fundamental o esforço de cada um para largar de fumar,
pois evitar a morte é um dever filosófico e ético de todos os que desfrutam
o milagre da vida.
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