Ano XXI nº 249 -
 
 

 ESPECIAL

Zaíra Barros*
Armando Stelutto Jr.*

 

Brasil, um gigante aterrorizado – Final

Falta de políticas públicas acirra banditismo, corrupção,
crimes raciais e eleva a mórbida depressão

A ausência de políticas públicas voltadas para as áreas da saúde, segurança e educação na esmagadora maioria dos municípios estimula o progresso do banditismo, do tráfico de drogas e da corrupção. Faltam trabalhos sérios de governantes sérios neste País que padece à míngua de poucos e mal distribuídos recursos financeiros. Os administradores públicos - leiam-se os políticos em geral – rezam na cartilha da cobiça e do despreparo ético. Não atuam uniformemente focados na prevenção ou na solução das carências da sociedade em frangalhos. Não se ouve uma só voz, sequer, a propor algo consistente e duradouro para os destinos do País nessas áreas citadas. O que se nota são remendos e mais remendos, como se uma nação pudesse ser conduzida à moda de uma colcha de retalhos esgarçada e puída pelos dilapidadores dos recursos públicos. Infelizmente, o resultado é essa vergonha que vemos diariamente. E isso parece não abalar os bem-remunerados políticos governantes e legisladores.

O acirramento da pobreza, da fome e da violência transforma a miséria em fato banal nas ruas de qualquer cidade brasileira e traz com ele todas as consequências decorrentes que atingem o ser humano afetado pelo abandono: doenças físicas, por falta de condições de alimento, de moradia, de higiene e de cuidados básicos de saúde, além de danos mentais, pela degradação a que se vê exposto. Sem citar a falta da educação de base para as crianças. Para o adolescente, o jovem ou o adulto a agressividade está a um passo muito curto do crime, sem condições de medir consequências nesse vale tudo pela sobrevivência.

Racismo determina quem vai morrer

Assassinatos de negros cresceram 23%, mas os de brancos caíram 6,8%. O Atlas da Violência aponta a desigualdade de raça/cor como fator que impulsiona o número de mortes violentas. De todas as pessoas assassinadas no Brasil em 2016, 71,5% delas eram pretas ou pardas. No mesmo ano, a taxa de homicídios de negros foi duas vezes e meia superior à de não negros (40,2 % contra 16%), embora esse índice tenha decrescido na década de 2006-2016 nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo.

Os índices de desigualdades se apresentam como de dois países diferentes também em relação às mulheres negras, com 71% a mais de assassinatos do que as de não negras. Nos últimos 10 anos, segundo o Atlas, as mulheres negras continuam sendo as principais vítimas de crimes violentos e fatais.

Cinquenta por cento das vítimas de estupro são crianças!  As notificações do SUS registram 12.087 casos, abaixo das notificações de 22.918, sendo 50% de vítimas até a idade de 13 anos, segundo a Polícia, que confirma 49.497 casos.

Depressão disputa a morte

A Organização Mundial de Saúde (OMS) informa que 800 mil pessoas por ano perdem a vida em consequência de suicídios, que tem na depressão seu mais forte componente: 322 milhões de seres humanos são afetados pela doença que sofre forte preconceito social, desconhecimento generalizado e banalização de causas e efeitos. A depressão deve se tornar, em futuro próximo, a segunda maior preocupação em termos de Saúde Pública do planeta, segundo a entidade internacional. No Brasil, são 11,5 milhões, sendo o país que possui, na América Latina, o maior número de pessoas em depressão, doença que pode ser tratada, mas também levar ao suicídio.

A cada ano, os baixos níveis de informação e a falta de acesso a tratamentos para depressão e ansiedade levam a uma perda econômica global estimada em mais de um trilhão de dólares. O estigma associado a esses transtornos mentais também permanece elevado.

Motivos para a depressão não faltam: para as pessoas que já estão fragilizadas, o atual panorama brasileiro pode piorar ainda mais estes índices. O País tem hoje 673,20 milhões de inadimplentes, segundo o SPC Brasil, sendo quase 18 milhões na faixa dos 30 anos são negativados. As dívidas também lideram na população de idosos com 65 anos ou mais, que representam 5,4 milhões de inadimplentes. E mais 2 milhões de desempregados.

Se cada um fizer sua parte, for responsável a partir de pequenos gestos como não jogar lixo na rua, até grandes gestos como exigir políticas públicas voltadas à saúde, educação e ao bem-estar do brasileiro e, especialmente, votar consciente, poderá ser o princípio de importantes mudanças no Brasil, acredite!


Referência:

* Brasil, um gigante aterrorizado – Parte 1
Siga o link para ler o texto inicial, já publicado no Jornal Odonto, que trata da violência, contabilizando 1 milhões de mortes. (http://www.jornaldosite.com.br/materias/artigos&cronicas/anteriores/zaira barros/artzaira248.htm)


Autores:

*Zaíra Barros – Jornalista e editora do Jornal Odonto

*Armando Stelluto Jr.- Jornalista e colaborador do Jornal Odonto

 

Pub. 13/07/2018

 


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