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Ano
V - Nº 65 -Abril de 2003 - 2ª Quinzena |
Benedito Barraviera* |
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A Universidade Estadual Paulista (Unesp),
assim como as principais universidades brasileiras, é constituída do tripé ensino,
pesquisa e extensão. Trata-se de um conjunto harmônico e indissociável, pois é
impossível trabalhar numa dessas áreas sem estabelecer parcerias com as outras. A
composição equilibrada deste tripé permite a formação não apenas de melhores
profissionais, mas também de indivíduos capazes de exercer a cidadania plena. Analisando pormenorizadamente o tripé
ensino, pesquisa e extensão, observamos algumas distorções que necessitam urgente
correção de rota, sob pena de desequilibrarmos a universidade e não conseguirmos mais a
formação de um verdadeiro cidadão. Assim, o nosso docente deve trabalhar pelo
menos oito horas por semana ensinando os seus alunos da graduação. Este, principal
objetivo-fim da universidade, tem recursos disponíveis do próprio Estado. Além disso, o
docente pode dedicar-se até oito horas por semana à extensão universitária. Isto se,
após um trâmite burocrático intenso, os diversos conselhos permitirem, pois, além de
ter um orçamento limitado, a extensão ainda não dispõe de fontes alternativas de
recursos. O docente, se quiser, pode dedicar-se pelo
menos 32 horas ou mais por semana à pesquisa. Ainda é permitido, se assim o desejar,
candidatar-se a uma bolsa de produtividade em pesquisa do CNPq, sem a necessidade da
anuência dos conselhos. Esta bolsa, além de proporcionar ao docente recursos
alternativos, permite também rechear o seu currículo com um belo índice. A pesquisa
ainda conta com o estímulo da universidade, de fontes de fomento estaduais e federais,
além de agências gerenciadoras da pesquisa. O tripé, portanto, está desequilibrado.
Dentro do contexto que se apresenta, ministrar aula na graduação tornou-se uma
obrigação; e fazer pesquisa tornou-se a única maneira de galgar postos na carreira
universitária. E a extensão? Bem, esta infelizmente está contemplada em apenas uma
linha nos relatórios universitários: Prestou serviços de extensão
universitária. É preciso rever esta situação, já que
a sociedade atual está realmente preocupada com o destino das universidades públicas,
principalmente em dois pontos: quer o aumento no número de vagas que permitam novas
oportunidades para os seus filhos; e quer o retorno da universidade em forma de serviços
e benefícios. Torna-se, assim, evidente a necessidade de uma política extensionista
rápida, agressiva e objetiva, com especial participação da comunidade. Feito este
diagnóstico, alguns pontos devem ser corrigidos no âmbito da extensão: 2 - Criação de fontes de fomento Acredito que este seja o maior gargalo na valorização da extensão. Neste sentido, não vejo nenhum problema em se criar agências oficiais de fomento dedicadas integralmente à extensão universitária, mesmo porque as existentes têm metas, objetivos e finalidades que não a contemplam. Um indicador desta latente necessidade foi a recente entrega formal do Programa de Responsabilidade Social das Universidades Públicas do Estado de São Paulo ao então secretário de Ciência e Tecnologia, Ruy Altenfelder, que se mostrou sensibilizado e satisfeito com a iniciativa da Unesp. Em última análise, o que queremos é uma agência de fomento dedicada exclusivamente à extensão universitária. Apesar de todos os problemas e desafios apresentados neste diagnóstico da extensão universitária, ela continua sendo necessária e manifesta, a cada dia, a sensação do dever cumprido. * Benedito Barraviera é Pró-Reitor de Extensão Universitária da Universidade do Estado de São Paulo (Unesp). E-mail: bbviera@reitoria.unesp.br.
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