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Ano VII - Nº 94 - Janeiro de 2005

O relógio da pele na mulher

Dra. Ana Cristina Fasanella*

 

A pele, o maior órgão humano, é a barreira principal que nos protege do meio ambiente, o envelope que nos contém e o reflexo do nosso corpo físico e psíquico.  Derivado do folheto embrionário Ectoderma, junto com o Sistema Nervoso Central, todas as grandes mudanças hormonais pelas quais passamos na vida, que dependem de estímulo nervoso, acarretam também grandes alterações na nossa pele.

A mulher se aproxima dos 40/50 anos e seu corpo começa uma nova fase da vida de transição entre um período reprodutivo e não reprodutivo marcado pela diminuição de suas funções ovarianas principais: ovulação e síntese de hormônios (estrógenos e progesterona), o que acarreta algumas transformações físicas e até psíquicas.  A Dermatologia já estudou os efeitos desse hipoestrogenismo, pois a pele é um órgão altamente dependente dos estrógenos, comprovando o aceleramento no envelhecimento cutâneo dessa fase.

Basicamente, há uma diminuição do número de fibroblastos, responsáveis pela produção das fibras colagens e elásticas e, conseqüentemente, a pele vai perdendo sua elasticidade, espessura e resistência. A camada córnea mais superficial e a hipoderme também diminuem em espessura. As mais importantes alterações ocorrem no calibre dos pequenos vasos sanguíneos, estreitando e reduzindo o fluxo de sangue que nutre a pele para realização de todo o seu metabolismo celular. Isso afeta a capacidade de reter água que as células da pele têm, assim como desacelera a produção das glândulas sebáceas e sudoríparas.

Tudo isso se traduz clinicamente na pele com o ressecamento, opacidade, rugas, flacidez, perda de turgor e rosado natural, maior sensibilidade a escoriações, efeitos da radiação UV solar, e menor poder de cicatrização e eliminação de manchas.

Existem pesquisas que demonstram que pode haver uma perda gradual de 2,15% de colágeno ao ano nessa fase da mulher, e essa velocidade pode não aumentar, dependendo de alguns fatores como tempo de exposição solar durante a vida e também o hábito do tabagismo, que pode aumentar até 3 vezes o número de rugas por diminuição do aporte sanguíneo celular, que engloba nutrientes e oxigênio. Além do uso de substâncias inadequadas como sabonetes que podem remover a já pouca hidratação natural da pele desta fase na mulher.

Assim sendo, existem algumas formas de cuidar da pele que devem ser implementadas quando a mulher atinge as 40/50 anos: atividade física regular que facilitará o aporte de nutrientes e oxigênio; dieta adequada rica em frutas, verduras e proteína magra como substrato e o uso de produtos cosmecêuticos adequadamente direcionados  para a pele desta nova mulher. 

Tratamentos corretivos, entretanto,  podem ser utilizados, desde que aplicados por médico dermatologista gabaritado, como: peeling não abrasivo, lifting, fotorejuvenescimento,  através de luz pulsada com laser que elimina lesões pigmentares (manchas, olheiras, rugas finas, etc.), preenchimento com ácido hialurônico, substância disponível no organismo, mas que com o passar do tempo se torna escassa, reduzindo também a hidratação e, consequentemente, a elasticidade da pele, abrindo espaço entre as células causando as indesejáveis rugas. Outro recurso é a aplicação de doses de toxina botulínica tipo A (conhecido pela marca Botox) para eliminar ruga e os sulcos da testa, "pés-de-galinha" e melhorar a aparência do pescoço. Essa toxina produzida pela bactéria clostridium botulinum (que causa o botulismo) age no músculo diminuindo ou eliminando os impulsos que o acionam,  deixando de formar as rugas.  Mas atenção:  somente um profissional gabaritado deve ser consultado para que os efeitos desses recursos não tornem o rosto artifical, pior do que era antes.


*Dra. Ana Cristina Fasanella – médica dermatologista, membro efetivo e conselheira da Sociedade Brasileira de Dermatologia, professora da Disciplina de Dermatologia da Universidade de Santo Amaro(Unisa), Pós-Graduação em Doutorado na Faculdade de Medicina da USP (disciplina de Telemedicina) e membro do Grupo Brasileiro de Melanoma.

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