AnoVI - Nº 90 - Setembro de 2004 |
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Fusca, um caso de polícia |
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Como de hábito fomos cedo para o estádio, nosso fusca parecia um gato pingado ante a visão de um estacionamento vazio. Seria uma decisão de campeonato, jogo noturno, logo o estádio estaria lotado, mesmo sendo num meio de semana. A cerveja estava gelada, o papo com os amigos estava quente, o jogo estava morno, parecendo mais uma pelada do que uma finalíssima. Resolvemos abandonar o jogo antes do apito final, a saída seria mais fácil, sem congestionamento. Quando nos aproximamos do portão de saída do estádio, parece que tomado de uma amnésia alcoólica, ante um estacionamento lotado, perdemos completamente o rumo de onde havíamos parado nosso fusca. O pior é que a escuridão tomava conta do local. Segui entre os carros, tentei abrir a porta, que parecia mais dura que de costume. Forçando com jeitinho a danada da porta abriu. Tentei introduzir a chave no contato, estava difícil. O jeito foi fazer uma ligação direta, rapidinho, e fomos para casa, estacionando o fusca sobre a calçada como de costume. Fui acordado pelo companheiro da noite anterior, dizendo ter esquecida a carteira no carro, e mais, uma notícia das mais desagradáveis, pois dizia que havia outro carro no lugar do meu, um fusca da Secretaria de Segurança Pública. Abrindo o porta-luvas lá estava a carteira sobre alguns papéis. Procurei algum que identificasse o motorista, que nessas alturas estaria em apuros. Para meu desespero encontrei apenas um exame de sangue, comprovante positivo de uma gravidez. Adentrei minha casa com aquele papel e novamente me vi em apuros. Como explicar aquele exame de alguém que não conhecia? Pensei qual seria a melhor forma de desfazer tamanha confusão. Peguei um táxi dirigindo para o trabalho. A manchete do jornal sobre minha mesa, chamando atenção: Ladrão audacioso rouba carro da polícia. Logo entendi a confusão. Peguei um táxi até o estacionamento do estádio. Não foi difícil encontrá-lo, estava só e abandonado, no mesmo lugar que estacionara na noite anterior. Liguei para a policia avisando do carro abandonado em frente a minha casa. Escapei por pouco. A crônica acima, escrita pelo cirurgião-dentista e vice-presidente da ABO/MT, Jander Ruela Pereira, ficou entre as 50 melhores colocadas no concurso “50 Anos Volkswagen do Brasil” , realizado no ano passado, e está publicado no livro Eu Amo o Fusca , organizado por Alexander Gromow (Editora Ripress, São Paulo 2004. E-mail: janderrp@zaz.com.br. |