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Ano VI - Nº 92 - Novembro de 2004
 

Estomatologia em Odontopediatria

Parte 1

Liliane Cristine Jorge*
 

 

Ao examinar a cavidade bucal da criança, o cirurgião-dentista deve constatar a normalidade e reconhecer as mudanças estruturais que podem ocorrer nessa região. Tais mudanças são fundamentais para dar consistência ao processo de diagnóstico. Prevenir, diagnosticar e tratar essas entidades requer antes de mais nada um conhecimento das bases fisiológicas e da patologia específica dessa fase da vida do indivíduo. Para isto deve-se realizar um exame clínico minucioso, procurando detalhes da história de vida do paciente e realizando exames complementares quando necessário. O objetivo deste artigo é descrever as principais afecções bucais que incidem com maior freqüência na cavidade bucal da criança.

  Definição  Etiologia  Localização Características
Clínicas
Tratamento
Úlcera
traumática

Lesão
ulcerativa

trauma
mecânico/
físico/
químico
  aguda ou crônica, lesão ovóide, geralmente solitária, rasa ou profunda, com centro necrótico e margens irregulares e eritematosas, dolorida

Sintomático/
Paliativo

Úlcera aftosa recorrente
(“afta”)
Lesão
ulcerativa
?, resposta imune
celular + fatores predisponentes:  imunológicos, hormonais,
emocionais...
áreas não queratinizadas
da mucosa vestibular e
jugal, língua,
palato mole e assoalho bucal
comum, lesão ovalada ulcerativa, única ou múltipla, recidivante, de fundo necrótico e halo eritematoso, 2 a 5 mm, sexo feminino>sexo masculino Sintomático
Mucocele Lesão com retenção de líquido

trauma menor localizado,
rompimento/
obstrução do ducto
e extravasamento/
retenção de muco

mais comum no lábio inferior (75 a 80%) lesão circular de aspecto bolhoso, superior. lisa, às vezes esbranquiçada, com líquido claro/ azulado em seu interior, flutuante. Assintomática, evolução lenta, com períodos de evolução/regressão

Remoção
cirúrgica

Cisto de
Erupção
lesão com retenção de líquido, cística, associado à
coroa de um
dente em
erupção
  comum na região de incisivos, caninos e molares  coloração azul/vermelha, translúcida, elevada, bem delimitada, em forma de cúpula, situada no espaço alveolar sob o dente a erupcionar

Cirúrgico
(ulotomia ou ulectomia)

Lesão
periférica
de células gigantes
Lesão
proliferativa
não-neoplásica, crescimento tumoriforme
reação tecidual à irritação ou trauma local só ocorre em gengiva, na maxila ou mandíbula massa nodular de várias formas e tamanhos, bem delimitada, globosa, séssil ou pediculada, cor vermelho escuro. Normalmente assintomáticas, ulceradas e hemorrágicas com freqüência. Evolução lenta. Remoção
agente
traumático + remoção
cirúrgica
Granuloma Piogênico Lesão Proliferativa Não-neoplásica ltumoriforme comum reação tecidual exagerada à leve irritação ou trauma (crônico) qualquer região da mucosa bucal ou da pele massa nodular, séssil ou pediculada, superfície lisa, lobulada ou de aspecto verrugoso, indolor, cor vermelho vivo. Normalmente assintomáticas, ulceradas e hemorrágicas com freqüência. Evolução rápida. Remoção
agente
traumático + remoção
cirúrgica

Fibromatose

Dilantínica

  medicamentos a
base de difenil-hidantoína +
fatores predisponentes (placa, cálculo...)
 

-aumento volume papilas, assintomático
-------------------------

-progressão e aumento da gengiva livre, com cobertura parcial ou total dos dentes
-------------------------

-cor normal, gengiva firme
-------------------------

- sem sangramento
e formação de pseudobolsa

Higiene bucal, gengivectomia/
gengivoplastia, substituição da droga
Fibromatose Irritativa

 

 

fator irritativo
crônico
generalizado
 

- aumento volume papilas, assintomático
------------------------

- progressão e aumento da gengiva livre, com cobertura parcial ou total
dos dentes
-------------------------
-cor normal,
gengiva firme
-------------------------
 -sem sangramento e formação de pseudobolsa

Eliminação
da causa, restauração da respiração nasal
e  gengivectomia

 

Bibliografia recomendada:

  • Corrêa, MSNP. Odontologia na 1ª infância. S.P Santos,1999. Cap 39, p. 561-576

  • Laskaris, G. Atlas colorido de doenças bucais da infância e da adolescência. Porto alegre/ São Paulo: Artes Médicas sul/Livraria Santos Editora, 2000.

  • Guedes-Pinto, AC. Odontopediatria. São Paulo: Santos. 6ª ed. 2003 p. 369-382.

  • Bordini, PJ; Grosso, SFB; Carmo C. Estomatologia na clínica infantil – principais alterações bucais. Revista da APCD 2001; 55(5):p.266-370.


* Liliana Liliane Cristine Jorge - Mestranda na disciplina de Odontopediatria do CPO São Leopoldo Mandic – Campinas

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