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Ano V - Nº 59 - Janeiro de 2003

Novas vitórias, velhos desafios

Marco Manfredini*

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A Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Federação Dentária Internacional (FDI) estabeleceram um conjunto de metas para a saúde bucal no ano 2000. Tal fato levou o Ministério da Saúde a estabelecer o Projeto SB-2000, com o objetivo de realizar levantamento epidemiológico em todo o país no referido ano.

Com um atraso de dois anos, o que demonstra o pouco caso das duas últimas gestões federais com a área de saúde bucal, começam a surgir os primeiros dados estaduais. Em novembro de 2002, a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo disponibilizou os dados relativos ao nosso Estado.

Em relação à faixa etária de 12 anos, o Estado atingiu a meta preconizada pela OMS, uma vez que o CPO-D médio foi de 2,5, inferior à meta da OMS (3). Algumas cidades se destacaram em relação ao índice nesta faixa etária. Santos, com 1,32 e Campinas com 1,34 apresentaram os melhores indicadores dentre os 35 municípios pesquisados.

Na faixa etária dos cinco anos, enquanto a OMS preconiza que 50 % das crianças não tenham nenhuma cárie, a porcentagem no Estado foi de 47%. Alguns municípios, como Campinas, que tem 55,3 % de suas crianças livres de cárie nesta idade, já alcançaram esta meta.

Elemento fundamental para tal redução na prevalência das cáries em crianças tem sido a política pública de fluoretação das águas, que teve um substancial incremento na gestão Montoro e que foi ampliada nas gestões posteriores. Atualmente, 90% da população do Estado se beneficia desta ação coletiva, índice superior aos dos EUA e do Canadá.

Muito embora possamos apontar estas vitórias, velhos desafios persistem. Ao se analisar a situação de saúde bucal dos adolescentes, adultos e idosos, faixas etárias ainda hoje discriminadas pelos órgãos públicos, o que contraria o princípio constitucional da universalidade, persistem os quadros mutiladores. Enquanto a OMS propunha como meta para 2000 que 75 % dos cidadãos de 35 a 44 anos tivessem 20 ou mais dentes, em São Paulo apenas 49 % atingiam tal indicador. Na faixa etária dos idosos de 65 a 74 anos, a comparação é mais desoladora. A meta da OMS era de que 50 % destes cidadãos tivessem 20 ou mais dentes; no Estado, em 2002, apenas 10 % dos examinados atingiram esta meta.

Outros desafios são a persistência dos casos de doença periodontal e má-oclusão em crianças. Aos cinco anos, 5% das crianças examinadas tinham alteração periodontal e 21%, má-oclusão moderada ou severa. Aos 12 anos, 17% das crianças apresentavam sangramento gengival, 14% cálculo dental, 10% má-oclusão severa e 7% má-oclusão severa/incapacitante.

Estes dados reforçam a necessidade da realização da III Conferência Nacional de Saúde Bucal, ainda este ano, para que se estabeleçam os princípios e diretrizes que balizarão a atuação da gestão federal empossada recentemente. A participação da sociedade civil e, em especial, das entidades odontológicas é fundamental para enfrentarmos e superarmos estes velhos desafios.


*Marco Manfredini, cirurgião-dentista com Especialização em Saúde Pública, Chefe de Gabinete do Vereador Carlos Neder, Consultor em Saúde Bucal da SMS- Campinas, Coordenador Municipal de Saúde Bucal em São Paulo (1989-91) e Santos (1993-96). E-mail: marcomanfredini@ig.com.br


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