Ano V - Nº 59 - Janeiro de 2003 |
ODONTOFOBIA
: "Medo de dentista"
Dr. Marco Antonio De Tommaso* |
|
Todo CD
teve oportunidade de atender (ou deixar de atender...) um paciente que sofre de "medo
de dentista".
Um certo receio é até cultural na nossa população. A maior parte das pessoas o tem. No entanto, de 4 a 8% da população têm autêntico pavor do atendimento odontológico, com conseqüências desastrosas para a saúde bucal. Problemas de canal, de gengivas e outros comprometem a saúde dessas pessoas como um todo. O medo reforça a sensação subjetiva de dor, que "confirma" a sensação de medo. Pessoas chegam a desmaiar na cadeira do dentista. Nesta série de artigos procuraremos definir o conceito de fobia, e como ela se insere nos transtornos de ansiedade e, dentro das fobias, a odontofobia. FOBIAS Fobias são uma forma especial de medo que apresentam as seguintes características :
A fobia, então, é um medo irracional percebido pelo próprio indivíduo como exagerado e desproporcional, mas que, quando diante da situação temida, não consegue deixar de sentir. "É mais forte do que eu", dizem as pessoas com algum tipo de fobia. Diante de uma situação temida, o fóbico apresenta todos os sintomas físicos e psicológicos do medo real, só que é desencadeado por objetos ou situações inofensivas do ponto de vista de realidade exterior. Os tipos de fobias são : agorafobia, fobia social e FOBIAS ESPECÍFICAS. As fobias específicas são medos intensos relativos a situações específicas como animais, insetos, fenômenos da natureza, dentista, sangue, doenças e outros. A pessoa que tem fobia de dentista pode ter uma reação semelhante a um ataque de pânico, de intensidade totalmente desproporcional ao perigo, se colocada diante da possibilidade de um tratamento odontológico. Não se sabe ao certo as origens ou "causas" das fobias. Haveria uma "predisposição filogenética", na medida em que alguns comportamentos de evitação e fuga foram importantes na sobrevivência da espécie (animais, lugares altos ou fechados, predadores, escuridão, água, etc). Outros trabalhos apontam para o fator associação. Os comportamentos que foram úteis em outras épocas a nível de sobrevivência seriam, em pessoas predispostas, ativadas por experiências associativas atuais. Existem trabalhos mostrando, ainda, a aquisição destas fobias pela observação de alguém na situação temida, sentindo medo. Aqui situam-se as odontofobias. As fobias habitualmente aparecem na infância ou no início da vida adulta, estendendo-se pela vida da pessoa, se não for feita nenhuma intervenção terapêutica; já que quem tem este tipo de problema evita a situação temida para fugir do desconforto da ansiedade. No próximo numero discorreremos sobre as odontofobias propriamente ditas. *Dr. Marco Antonio De Tommaso - Psicólogo
clínico pela Universidade de São Paulo USP; atuou como psicólogo no Ambulatório
de Ansiedade do HC/USP; membro da Associação Brasileira para Estudos da Obesidade;
psicólogo das Agências Elite e LEquipe de modelos |