Ano VII- Nº 97 - Abril de 2005 |
Odontologia,
células-tronco e clonagem dental: Nilson Galhanone de Calasans Rego* |
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Em um primeiro momento de vida intra-uterina, somos um conglomerado de células - tronco, com a capacidade de se diferenciarem nos tecidos que constituem os órgãos que nos formam. As células-troco, portanto, possuem capacidade de dar origem a tecidos diversos. Podem ser adquiridas em fase embrionária ou adulta. Seu uso em Odontologia tem sido objeto de estudos nos mais avançados centros de pesquisa do mundo. Cabe destacar a ênfase dada por MELCHER, desde 1976, à FUNÇÃO FORMADORA do ligamento periodontal e à importância das células mesenquimais indiferenciadas, nesta estrutura presentes. Particularmente, a Periodontia empreendeu os estudos pioneiros no tema, e também outros trabalhos acerca de Regeneração Tecidual Guiada, aprimorados a partir de 1987. Na atualidade, buscam-se células indiferenciadas, capazes de gerar tecidos mineralizados, embora ainda não exista uma metodologia para a manipulação e utilização desses elementos, fora dos centros de pesquisa. Contudo, já se conseguiu a formação de elementos dentais, em ratos, através do desenvolvimento de células-troco adultas, colhidas da polpa dentária. Estima-se que, em aproximadamente uma década, seja possível, com previsibilidade, a obtenção de elementos dentais completos, que contenham esmalte, cemento, polpa, ligamento periodontal, com uma perfeita inserção ao osso. A Inglaterra, a Alemanha, a Finlândia, a Suécia, a Dinamarca, a Noruega e os EUA têm apresentado literatura promissora neste aspecto. Antecipam-nos que um tempo médio de aproximadamente quatro meses seria necessário para a formatação do dente completo. Há indícios de que, uma vez obtido o germe dentário, este possa ser implantado no organismo; portanto, um corpo orgânico, ao contrário dos implantes aloplásticos, vindo a se desenvolver e erupcionar no sítio desejado. O próprio organismo mediaria, através de um mecanismo bio-interativo com a matriz originária das células-tronco, a formação do elemento dentário mais próximo da demanda funcional naquele local. Podemos considerar esse tema como a grande inovação que marcará a história das ciências da saúde ao longo do século XXI. Todavia, ainda antecipam-nos os estudos, a Terapia Periodontal de Suporte, sob supervisão profissional, continuará a ser a conduta mais eficaz na preservação dos elementos dentais naturais, dos implantes aloplásticos e/ou, futuramente, dos dentes clonados, única maneira de se evitar ou se controlar as doenças periodontais ou perimplantares.
REFERÊNCIAS CENTER FOR BIOETHICS - University of Minnesota. Consultado na Internet em janeiro, 2005. www.bioethics.umn.edu/faculty MELCHER, A. H.: On the repair potential of periodontal tissues. J. Periodontology, 1976; 47:256-260.
NYMAN, S., GOTTLOW, J., LINHE,
J., KARRING T., WENNSTRÖM J. New attachment formation by guided tissue
regeneration. REGO, N. G. C., SILVA, D. F. Terapia periodontal de suporte: fundamentos, dinâmica e praxis. www.odontologia.com.br. Publicado na Internet em 29 de abril, 2004. Consultado em março, 2005. TALWAR, D. S., KING, G. N. Effects of Carrier Release Kinetics on Bone Morphogenetic Protein-2-Induced Periodontal Regeneration in Vivo. Journal of Clinical Periodontology, 2001; 28: 340-347. THESLEFF, I, TUMMERS, M. Stem cells and tissue engineering: prospects for regenerating tissues in dental practice. Medical Principals and Practice: International Journal of Kuwait University, 2003; 12 Suppl 1:43-50. WEHBA, C., MORAES, R. G. B. Odontologia e células-tronco. Jornal Periodonto, 2004; Julho/setembro, nº 83: 6. * Cirurgião-dentista e escritor. Pós-graduado em Periodontia e Teoria Psicanalítica. Membro do Laboratório de Pesquisa de História da Enfermagem, EEAP/UNIRIO. www.periodontum.hpgvip.com.br.
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