Ano X nº 145 -

Últimas Notícias

Artigos/Crônicas

Bastidores

Cash

Corpo&Cuca

Editorial

Empresas

Lazer&Cia

Mural/Cartas

Na Rede

Pesquisa&Tecnologia

Profissão

Saúde

Saúde Bucal

3º Setor

Utilidade Pública

SERVIÇOS

Anuncie

Expediente

Fale com o JSO

Arquivo JSO

Legislação

Estatística

LINKS ÚTEIS

Agenda grátis

Clima/Tempo

Concursos

Cotações/Moedas

Horóscopo

Portal da Câmara

Portal do Consumidor

Viagens


Vinhos

Por Armando Stelluto Jr.

 
Vinho – Saúde!

Uma história de dois milhões de anos


Ânforas para vinho                                                                                                                             

Dizem os antigos que a idade madura é o tempo da sabedoria. Para esses mesmos, então, a bebida do saber pode muito bem ser o vinho. O líquido de uvas idolatrado por deuses gregos e romanos – e muito modestamente por nós em tempos atuais – existe há dois milhões de anos, seguramente. Uma história de conhecimento, conteúdo e muita consistência entre os humanos. E ponha sabedoria nisso!

Para os historiadores enófilos, a existência da uva remonta antes da última Era Glacial. E como se comprovou que um tipo de vinho nasceu, digamos assim, de um acidente com uvas esquecidas numa ânfora em propriedades do rei Jamshid, um soberano semi-mitológico da antiga Pérsia, como conta Hugh Johnson, em A História do Vinho (“The Story of Wine”, da editora Mitchell-Beazley, de Londres). Da uva apodrecida, escorreu um líquido que até hoje chamamos de vinho. Portanto, o mesmo pode ter acontecido milhões de anos antes em qualquer lugar da Terra onde as uvas nasciam naturalmente, de forma selvagem. E, obviamente, apodreciam em qualquer canto. Para reforçar tal suposição, leva-se em conta pinturas em cavernas feitas pelos povos Cro-Magnon na região de Lascaux, França, onde os vinhedos ainda hoje nascem sem qualquer contribuição do homem. Nessas pinturas, há evidências de que nossos ancestrais velhinhos conheceram o vinho.

O conhecimento humano sobre a existência do vinho no planeta felizmente é vasto. Há inúmeras demonstrações científicas de que ele vem de longe, muito longe. A Academia do Vinho, um dos redutos mais respeitados sobre o assunto no Brasil, publicou um amplo estudo sobre as origens do vinho com forte amparo de publicações de renome internacional, como no caso do renomado Johnson. Há várias colocações aparentemente bem embasadas sobre o tema nesse trabalho.

Sementes de uva dão a pista do vinho

Para os arqueologistas, o acúmulo de sementes de uva é uma probabilidade de vinificação. Escavações feitas na Turquia, numa região chamada Catal Huyuk, uma das primeiras da humanidade, em outras como Damasco, na Síria, Byblos, no Líbano, e na Jordânia, indicaram a presença de uvas na Idade da Pedra, 8000 a.C. Já as mais antigas sementes cultivadas seriam da Geórgia, na Rússia, com  7000 a 5000 a.C.

Há diferenças entre as sementes cultivadas e as selvagens, assim como há diferenças entre o que se entende pelo início da história do vinho, na Era Glacial, como na eras posteriores.

No Cáucaso, entre a Geórgia e a Armênia, a videira era nativa. Na Turquia (antiga Anatólia), no Irã (Pérsia) e no sul do Iraque, onde existia a Mesopotâmia, nas montanhas de Zagros, entre o Mar Cáspio e o Golfo Pérsico, as videiras eram nativas. Acredita-se que as uvas dos Cáucasos tenham sido levadas pelos fenícios para a Europa. Elas teriam saído do Líbano e seriam da variedade branca. Uma ânfora de 3.500 anos com uma mancha de vinho no seu interior foi encontrada há pouco tempo no Irã, também conforme o trabalho reproduzido pela Academia do Vinho no Brasil.

Arca de Noé, bebedeiras e muita história

A existência de uvas e a produção de vinhos têm tudo a ver, porém com características próprias de cada um, claro. Uma coisa foi qualquer acidente com uva estragada dar origem à bebida, outra coisa foi o início da produção em si. Essa é uma outra história. Até Noé e sua arca entram nela. No Velho Testamento, capítulo 9 do Gênesis, está escrito que Noé desembarcou os animais de sua arca, plantou uvas, fez vinho e encheu a cara. Era no Monte Ararat (5.166 metros de altitude) onde a arca ficou estacionada e onde Noé se embriagava a rodo. Esse é o ponto citado por Hugh Johnson, nos Cáucasos, entre a Armênia e a Turquia.

Uma lenda basca diz que o herói Ano teria trazido as videiras num barco antes da Atlântida sumir água abaixo. Esse basco tinha o nome em antigas línguas ocidentais que significava vinho. Na Galícia, Espanha, há outro nome importante, Noya, que os povos sumérios da Mesopotâmia colocavam como um deus do mar chamado Oannes. Ainda nessa esteira encontra-se Dionísio, o deus do vinho grego, criado pela tia Ino, uma deusa do mar.

Outra lenda forte sobre a origem do vinho tem também uma relação com a arca. O rei persa Jamshid teria feito um grande muro para proteger os animais do dilúvio e por isso teria algo a ver com Noé. Nos seus palácios eram guardadas uvas em ânforas. Uma vez, parte delas apodreceu e foi colocada de lado, considerada veneno. Uma desiludida jovem do harém de Jamshid tentou, então, se matar com esse “veneno”, mas qual foi a sua surpresa após bebê-lo: ficou alegre e relaxada, adormecendo tranquilamente. O rei ficou sabendo, gostou da ideia e ordenou que aquilo fosse feito para ele e sua corte. E tome bebedeira!

Egípcios produziam e registravam tudo


Taça egípcia de vinho

Os mesopotâmios, no Iraque, também bebiam muito, mas não conseguiam produzir vinho, que era trazido da região da Armênia pelo Rio Eufrates. Os sumérios também tentaram, entre 4000 e 3000 a.C., mas não deu certo. Há documentos da época nesse sentido, com pictogramas achados nas antigas Kish e Ur. Foram os egípcios, no entanto, que conseguiram produzir vinho, embora sem exclusividade, com registros pioneiros dos detalhes de vinificação em pinturas de 3000 a 1000 a.C. Eles tinham até profissionais, como os enólogos de hoje, que faziam a separação da bebida por qualidade. Documentos contendo as várias etapas da elaboração do vinho, como a colheita da uva, a prensagem e a fermentação, foram encontrados em tumbas de faraós.

Do Egito, acredita-se que o vinho foi levado para a Grécia pelos precursores dos gregos, que ocuparam parte da ilha de Creta, as ilhas Cicládicas no sul do Mar Egeu e a costa noroeste da Ásia Menor. Oliveiras e videiras foram então plantadas e daí o vinho ganharia o mundo ocidental. A cultura grega se expandiu, foi para a Magna Grécia, hoje Sicília, e dali subiu pelo território italiano, até encontrar os etruscos, que já cultivavam videiras nativas na Toscana. A evidência mais antiga de vinho na Itália pertence à civilização etrusca – uma ânfora com resíduos de seu líquido de 600 a.C.

Na França, há estudos que remetem o início da produção de vinhos para a Idade da Pedra, há 12.000 anos. Os celtas vieram bem depois, com forte influência também sobre a fabricação na Itália e na Grécia.

Religiosos e hospitais deram muita força

Ao que parece, foi na Idade Média que a vinicultura tomou impulso. A Igreja Católica desenvolveu e aprimorou os vinhedos e o vinho nos mosteiros. Franciscanos, beneditinos e a Ordem de São Bernardo (cistercienses) praticamente dominaram a Europa e com isso o conhecimento na elaboração de vinhos. Junto com os religiosos, os hospitais também foram grandes centros de produção de vinho. Como os hospitais da época cuidavam também de pobres, viajantes, estudantes e peregrinos, por ali o vinho corria grosso.

Foi também na Idade Média, mais ou menos em 1.300, que saiu o primeiro livro impresso sobre vinho. O “Líber de Vinis”, escrito pelo espanhol Arnaldus de Villanova, médico e professor da Universidade de Montpellier, na França, focava mais a utilidade do vinho nos cuidados com a saúde. Antes dele, por volta do ano 200, o médico italiano Cláudio Galeno tratou do tema em documentos médicos da época.

Para as Américas, a uva foi trazida pelo navegador italiano Cristovão Colombo, na sua segunda viagem às Antilhas, em 1493. Da Ilha da Madeira, em Portugal, as videiras foram trazidas para o Brasil pelo comandante português Martin Afonso de Souza, em 1532, e plantadas pelo garimpeiro português Brás Cubas, primeiro no litoral paulista e 21 anos depois no bairro do Tatuapé, na cidade de São Paulo. A produção de vinhos no País, no entanto, só começa no Rio Grande do Sul entre 1870 e 1920, com a chegada dos imigrantes italianos, depois reforçada com a participação pequena de alemães e portugueses.

Com “The Story of Wine”, de Hugh Johnson
Academia do Vinho
Vinho no Brasil, de Carlos Cabral
Embrapa Uva e Vinho.


Conhaque, Porto ou Xerez

A história mundial do vinho, como parcialmente explicada no texto aí de cima, é longa, culta e recheada de curiosidades. Muitas delas têm a ver com pesquisa, preferência e interesses de mercado. Por exemplo, os vinhos fortificados são completamente diferentes das linhas tradicionais, têm mais álcool e, por isso mesmo devem ser consumidos com muito mais moderação, apenas num beberico, numa degustação delicada. O conhaque foi popularizado no século 14 e ganhou força no 18, quando um inglês empreendedor, Jean Martell, passou a produzir um bebida destilada de vinho na cidade francesa de Cognac. Quase toda sua produção tinha destino certo, a Inglaterra. Com o tempo, os franceses apertaram o passo, compraram a casa de Martell, adquiriram o direito sobre o nome cognac (em português, conhaque) e inundaram o mundo com um produto bem mais caro e forte.

Nessa linha, existe também o vinho do porto, muito apreciado pelos ingleses, e que se expandiu graças a uma briga mercantil entre seu pais produtor, Portugal, e a França, a partir do Tratado de Methuen, de 1703. O acordo foi feito entre ingleses e portugueses. O vinho comum começou a ser despachado para a Inglaterra em partidas colossais, mas não suportavam a viagem. Aí surgiu a idéia de se acrescentar mais álcool ao produto, o que deu certo. Nascia o Vinho do Porto.

O xerez (jerez em espanhol; sherry em inglês) é produto na Andaluzia, Espanha, há uns três mil anos. Tem sabor diferenciado, emprega uvas especiais e um processo um pouco mais complicado que o conhaque e o porto. O envelhecimento, em alguns casos, chega a 60 anos.

Com Diário do Vinho e Associação Brasileira de Sommeliers


O vinho do porto e a gripe espanhola

Para muitos, falar de vinho é falar de saúde. Afora o exagero, sabe-se que realmente a bebida contém substâncias boas para o organismo humano, como o resveratrol e outras. Além disso, que é fato comprovado pela ciência, há outras histórias, muitas histórias. Por exemplo, conta-se em Portugal que o vinho do porto foi muito utilizado pelos bombeiros da região do Douro como desinfetante durante a gripe espanhola. A comprovação, como dizem, coube a Antonio Guedes, que publicou suas memórias no jornal Arrais na década de 60. Segundo Guedes, nenhum bombeiro contraiu a doença. Como faziam? O primeiro gole era empregado como um enxaguatório bucal, que após o bochecho era desprezado; o segundo, obviamente um gole bem largo, era para ingerir. Seus efeitos eram o de um “medicamento antibiótico”, disse.

Nos dias atuais, os bombeiros do Douro desfrutam de técnicas mais modernas para combater doenças como a gripe suína. De qualquer modo – dizem – mantêm sempre uma garrafeira em que não podem faltar muitas garrafas e vinho do porto. Saúde, mesmo!

Com Agência Lusa


Mulheres e seus vinhos

Clicquot é para a enofilia sinônimo de um grande champanhe. E por trás de um grande champanhe tem uma grande mulher, assim como outras, que despontam na produção de vinhos pelo mundo. Nicole Ponsardin Clicquot ficou viúva aos 27 anos e assumiu pessoalmente o vinhedo do marido. Dedicada, fez uma revolução na elaboração de champanhes. Por isso ficou conhecida como Veuve Clicquot (viúva Clicquot, traduzido do francês) quase dois séculos atrás.

A italiana Miriam Caporali, proprietária da Tenuta Valdipiatta, em Montepulciano, afirma que “a idéia é aumentar o conhecimento do vinho, com foco no mundo feminino”. Por conta dessa disposição toda, já se organizaram em associações, como a Le Donne Del Vino, criaram dois guias, um francês, o Le Vi nau Féminin, e outro chileno, o Mujer y Vino.

Com Revista Menu


O vinho que vem do gelo

O vinho do gelo são os campeões do preço alto. E não é para menos. Os mais famosos são os canadenses, mas os alemães e austríacos têm excelente cotação. Como a própria designação indica, para produzir esse tipo de vinho é preciso que as uvas congelem ainda no vinhedo e permaneçam ali por quanto tempo seja possível, antes de começarem a desabar dos cachos por podridão ou pela ação de pássaros famintos. As uvas precisam ser prensadas com gelo e tudo, porque assim seu líquido sai mais concentrado. O vinho é doce e caro.

O primeiro icewine brasileiro, de uvas Cabernet Sauvignon, deve chegar ao mercado no ano que vem, produzido em Santa Catarina. A Argentina prepara algo parecido, que será exportado para o Brasil, Colômbia e Estados Unidos. Só que o argentino não será original, porque suas uvas são refrigeradas artificialmente. Logo, seu rótulo não terá a inscrição “vinho de gelo”.

Com O Estado de S.Paulo e Revista Adega

 

Aquecimento global já atormenta os vinhos

As mudanças no clima do planeta decorrentes do aquecimento global começam a produzir efeitos negativos nos vinhedos. Em alguns casos, já foram constatados níveis elevados de álcool nas uvas cultivadas para a produção de vinhos. Além disso, também em certas regiões, os sabores estão mudando por causa da temperatura alterada e da umidade dos solos. Inclusive o amadurecimento está ocorrendo mais rapidamente. O aquecimento pode derrubar o nível da água nos solos em até 15% em 30 anos e 17% em 60. Por essa razão, a produção mundial de vinhos pode cair 8%, de acordo com informações divulgadas pelo site especializado winebusines. A tendência é de que haverá aumentos crescentes de temperaturas.

Com winebusines

 


Em Dubai, vinho a R$ 53 mil a garrafa

A quem interessar, existe no Terminal 3 do Aeroporto Internacional de Dubai, nos Emirados Árabes, uma loja que dispõe em suas prateleiras de vinhos a US$ 28 mil (R$ 53 mil) a garrafa. Para quem não pretende gastar tanto, há outros mais baratos, como Chateau Petrus 1947 a US$ 12.500, ou o Chateau Cheval Blanc 1961, a US$ 15.750. O Domaine de La Romanée-Conti sai por US$ 27.778. Isso tudo já descontados os impostos, porque trata-se de um free shop.

Com Época Negócios Online

---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Veja também

VINHOS EM OUTRAS EDIÇÕES

Edição 142 - Um brinde à nossa saúde

Edicão 143 - Vinho faz bem, mas... A bebida de Baco não é milagrosa. Cuidado!

 


 

Edição145_ 04/09/2009


Copyright © 1999 Edita Comunicação.Todos os direitos reservados. Este material não pode ser publicado,
transmitido por broadcast, reescrito ou redistribuído sem prévia autorização por escrito