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Edição 151 - 01/03/2010

 

Vinhos

Por Armando Stelluto Jr.

 
Vinho – Saúde!

Que vinho é esse?

A pergunta é muito comum após ou durante uma rápida degustação de um vinho desconhecido. Mais comum ainda se torna a surpresa quando a resposta revela que o tal vinho foi feito na Índia, na Tasmânia, Japão, China, ou na Criméia. O que se diria, então, de vinhos originários do tórrido Piauí, de Goiás, ou mesmo de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo?

   
 
Parreirais na Índia e na Tasmânia

Passado o choque, vem o raciocínio dos entendidos, que nos explicam esse “fenômeno”. Na verdade, o que existe mesmo é tecnologia e algumas combinações básicas, simples até, que permitem às videiras o seu desenvolvimento, bons frutos e, finalmente, um manejo correto das técnicas de vitivinicultura em ambientes adequados de clima e solo. Há até algumas cepas de uvas viníferas originárias da Índia e do Japão. No continente asiático, foram desenvolvidas várias espécies, como o híbrido chinês Beichun, resultado do cruzamento local das viníferas com as amurensis, que podem dar vinhos de boa qualidade.


Banho de vinho no Japão

No Japão, existe um mangá (histórias em quadrinhos) que revela a história do vinho em terras nipônicas e dá as dicas, inclusive, de como se aprender sobre o assunto. Sob o título “Gotas dos deuses”, Tadashi Agi conta como o pai de Kanzaki Shizuku, que conhecia bem o assunto, deixa em seu testamento uma descrição contendo os 12 vinhos por ele classificados como os melhores do mundo. A partir daí nasce o vinho japonês, em meio a uma confusão nipônica de ganância e poder entre filhos e irmãos loucos pela bebida de Dionísio. E foi esse mangá que despertou e aguçou o interesse dos japoneses pela fabricação e consumo de vinhos. Segundo a Larousse do Vinho, o Japão produz 250,9 mil toneladas de uvas por ano (numa estimativa de 1997) em 21,4 mil hectares; 27,7 mil toneladas foram utilizadas na produção de vinho.

A Índia faz vinho há dois mil anos. Mas, mesmo com a participação dos portugueses, no século 16, a produção vinícola indiana ainda deixa a desejar, com vinhos espessos e adocicados. Por lá são 43 mil hectares de vinhas, mas menos de 1% se destina à produção de vinho.

Na China, a produção vinícola não tem importância para quase ninguém, mas existe. São Produzidas 12 milhões de garrafas por ano em 90 vinícolas e 30 mil hectares de vinhas, que chamam a atenção de parceiros europeus, como os franceses e os italianos. O mais conhecido entre os chineses, o Kui Hua Chen Chiew, é exportado para o Extremo Oriente. Riesling, chardonnay e cabernet sauvignon parecem despontar como razoáveis a bons.

No Norte da África, também existem produtores de vinho. Foram os franceses, seus colonizadores, que difundiram a cultura da produção na Argélia, Tunísia e Marrocos. Mas, sobrou pouco, porque a religião muçulmana impede o consumo de bebidas alcoólicas. De qualquer forma, a região produz com base em cepas européias, como cabernet sauvignon, syrah, pinot noir e grenache.

Na Criméia, república autônoma da Ucrânia, na antiga União Soviética, a história da vinificação vem desde a Antiguidade, 4 mil a.C. . No entanto, seus vinhos modernos começaram a ser produzidos mesmo no século 19 e passaram a ser aceitos em todo o mundo, enfrentando depois um forte declínio devido a questões político-administrativas. A Criméia faz vinhos brancos e tintos, vermutes e conhaques considerados de boa qualidade, além de um espumante tido como referência na Ucrânia. Também faz vinho forte e de sobremesa, tipo xerez e porto.

No Brasil, há vinícolas de respeito no Sul, Sudeste e até no Nordeste. A região sulina concentra 90% da produção de vinhos brasileiros, muitos de excelente qualidade, com forte destaque para o Rio Grande do Sul. Petrolina, entre Pernambuco e Bahia, no Vale do São Francisco, já conquistou prêmios com bons vinhos. No Piauí, divisa com o Maranhão, jamais se imaginou que por ali fosse possível plantar uvas e produzir vinhos. Ainda não se sabe se isso acontecerá e as esperanças estão nas mãos (e nos bolsos) do investidor português João Santos. Ele, que é proprietário da Vinibrasil em Petrolina e que garante exportar para mais de 20 países da Europa e também para os Estados Unidos, anunciou que fará vinho no Piauí em breve. Para ele, “esta é a melhor região do mundo para a produção de vinho de qualidade, porque conta com solo, luz e água”. Consta que o investimento para a produção vinícola no Piauí exigirá investimentos de R$ 10 milhões.

Do Centro-Oeste, em Planaltina de Goiás, outra surpresa: produção de vinho com mudas de vinhedos da França. Numa fazenda a 70 quilômetros de Brasília, o gaúcho e coronel reformado do Exército José Antônio Pires Gonçalves, de 78 anos, passou a formar suas vinhas em 1984 e promete para 2011 a primeira safra de pinot noir, cabernet sauvignon e syrah, além da sauvignon blanc. É aguardar para ver.

A 29 quilômetros da capital paulista, em São Bernardo do Campo, região do ABC, pólo brasileiro automobilístico, existe um grupo de produtores de vinho quase desconhecido. É a União dos Vinicultores Artesanais (Uva), que reúne 78 produtores locais. Sem cultivo de vinhas na região, eles importam uvas do Sul para produzir 150 mil litros de vinho por ano – quase tudo para consumo deles mesmos. Consta que os planos desse grupo de vinicultores artesanais podem ganhar vôos altos e para isso estaria buscando apoio governamental. Sobre a qualidade do seu vinho, pouco se sabe, além do entusiasmo e alegria em torno da mesa cheia. De qualquer forma, também neste caso é bom esperar para ver. Enquanto isso, saúde!

Com Larousse Vinho, A Bíblia do Vinho, 1001 Vinhos para Beber Antes de Morrer, Wilkipédia, Grande ABC, Correio Braziliense e site Ucrânia on line

 

Barricas de vinho contra o tabagismo

As paredes internas das barricas de carvalho guardam um tesouro precioso antitabagista. Trata-se do bitartarato de potássio, que atualmente é utilizado em alguns medicamentos fitoterápicos indicados para quem quer se livrar do cigarro. A substância aparece nos barris depois do envelhecimento de vinho tinto por pelo menos um ano. Pesquisadores observam, no entanto, que sua eficácia ainda não está totalmente comprovada.

Com Diário do Vinho

 

Videiras do Brasil para a Austrália

A história ainda não está confirmada, mas no mundo do vinho há fortes correntes defensoras da tese que indica a origem do vinho na Austrália como sendo brasileira. Contam que as videiras foram levadas pelos mesmos colonizadores portugueses por volta de 1780 e que essa “exportação” luso-brasileira teria começado a fazer o efeito desejado dois séculos mais tarde, quando os australianos passaram a exibir bons vinhos para o planeta. Histórias ou lendas à parte, foi em 1996 que a Austrália estabeleceu metas importantes para a sua vinicultura, como, por exemplo, fazer vinhos de qualidade em grande escala e oferecê-los a preços reduzidos em relação ao que existia na época, especialmente entre os tradicionais italianos e franceses. Junto com os planos audaciosos, o governo foi atrás de tecnologia e mão-de-obra especializadas importadas. Rapidamente, a área cultivada de vinhas subiu para 167 mil hectares, o que já impõe respeito no mercado vinhateiro. E, em 2006, os australianos ergueram um brinde orgulhoso ao baterem a França em volume de exportações para o Reino Unido.

Os australianos ficaram famosos também por algumas medidas inovadoras na produção vinícola. Os “flying winemakers”, como passaram a ser chamados entre seus colegas enólogos e produtores em geral, inventaram a fermentação em baixas temperaturas; o uso de cortes diferentes, como o cabernet com syrah; a mistura de uvas brancas com tintas; e a fermentação simultânea de syrah com a branca viogner, que proporcionam mais perfume e estabilidade ao produto.

Com Histórias e Estatísticas

 

Vinhos para quem pode (muuuito!)

 

O consumo de vinhos em linhas gerais não tem exigido muito dos modestos de bolso, porque no Brasil o mercado vem crescendo e se adaptando a uma realidade da maioria dos brasileiros. No entanto, mesmo por aqui há degustadores raríssimos que se dispõem a gastar altas somas em dinheiro pelo prazer de adquirir um bom vinho, ou simplesmente um vinho caríssimo. Já em países economicamente resolvidos, como os Estados Unidos e os europeus, essa condição é mais freqüente, felizmente.

Para se ter uma idéia do tamanho da encrenca no bolso que é a compra de um exemplar desses, vamos aos números. Vinhos raríssimos, verdadeiras relíquias que sequer sabe-se lá terá mesmo gosto de vinho, custam em torno de R$ 100 mil a garrafa. Um Lafite de 1787 que pertencera à coleção do ex-presidente americano Thomas Jefferson, foi leiloado por US$ 105 mil. O curioso também é que Marvin Shanken, editor da revista Wine Spectator, havia oferecido cem mil pelo vinho e achou que já era seu, porque não percebera que outro lance após tinha arrematado a garrafa por US$ 105 mil para o colecionador Christopher Forbes, o que o deixou bastante frustrado. Outra raridade vendida nessas condições foi um Chateau Mouton-Rothschild de 1945, que alcançou em 2006 o valor de US$ 28.750. O doce, para aqueles que os degustadores mais exigentes torcem o nariz, Chateau d`Yquem safra 1811 foi comprado pelo famoso expert em vinhos Robert Parker na Suíça por R$ 125 mil. O que intriga os compradores normais de vinhos não é nem as altas somas pagas, mas sim o fato de que muitas dessas raridades já ultrapassaram sua época ideal de consumo, mesmo no caso dos doces, cuja data de validade pode superar um século.

Com Revista Adega

 

Conheça os quatro tipos do Beaujolais

O francês Beaujolais Nouveau é, sem dúvida, o mais conhecido mundialmente, inclusive no Brasil. Um vinho diferente, para ser consumido em até seis meses da fabricação. No entanto, há outros três, bastante diferentes: Beaujolais-Village, Beaujolais Cru e o simplesmente Beaujolais.

O Nouveau é um vinho jovem, pronto para ser bebido dois meses após a colheita, sendo celebrado pelos franceses sempre na terceira quinta-feira de novembro; e com a tradicional frase: “Le Beaujolais Nouveau est arrivée!” O Beaujolais já é um pouco envelhecido. O Village tem produção exclusiva de 38 vilarejos credenciados do Vale do Rhone. O Beaujolais Cru vem de regiões classificadas como domínios na França e são os melhores. Entre eles, os appellation Brouilly, Chiroubles, Cote de Brouily, Fleurie, Juliénas, Morgon, Moulin à Vent, Régnié, Chénas e Saint-Amour. Os quatro tipos de Beaujolais são feitos com uva gamay, em maceração carbônica (fermentação em cubas, sem esmagamento das uvas). O Nouveau é frutado, leve e fresco, indicado para acompanhar pratos leves e em temperatura inferior à de outros tintos (cerca de 14 graus).

Com Wilkipedia

 

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