E dição
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- 15/01/2018
Cadê
o equilíbrio emocional do brasileiro?
Zaíra Barros
Criado em 2013, o Well Being Brazil (WBB), ou Índice de Bem-estar do
Brasil chega a 2017 ocupando o nada honroso 22º lugar entre 155
países, segundo relatório divulgado pela ONU e que abrange o período
de 2014 a 2016. OU seja, 2017 ainda está fora desse balanço, o que
deveria colocar o país em pior situação face às crises econômicas,
políticas, éticas, morais, profissionais, sociais, ou seja, todas
interferem no frágil equilíbrio emocional do ser humano.
O
Brasil caiu cinco pontos em relação ao período de 2013 a 2015 e na
edição de 2016 passou para o 17º lugar e vai ladeira abaixo. A
conjuntura nacional não ajuda, não dá suporte nem força para ser
diferente. O ranking de 2017 é encabeçado pela Noruega, que tirou o
1º lugar da Dinamarca. Islândia, Suíça e Finlândia completam a lista
das nações mais felizes do mundo. Na outra ponta, as mais tristes
são Ruanda, Síria, Tanzânia e Burundi. A República Centro-Africana
ocupa a lanterna. Explicáveis, mas não justas, pela miséria,
subdesenvolvimento, condições indignas em que lhes é permitido
sobreviver.
E
para o Brasil, um país de tamanho continental, de riquezas
imensuráveis, qual é a desculpa? Indo para o lado social, temos a
imensa e desproporcional diferença de classes, mas não é só. Temos
políticas de saúde e de educação que recebem influências de todo o
tipo, menos as que deveriam nortear a base do Brasil. Sem educação e
sem saúde não há formação adequada nem condições de exercê-la
dignamente. Os interesses mesquinhos – para a sociedade –, mas
pródigas nas vantagens escusas impedem estes avanços.
E
esta é a percepção do povo de cada país, por um lado, que escolhe o
degrau em que se encontra seu país. Entre os dados observados, estão
apoio social, expectativa de vida, liberdade de escolha,
generosidade e percepção de corrupção, que resulta em perfil
bastante acurado e perceptível feito pelas pessoas, em escolha
simples: colocar o lugar que acha que seu país está numa escada, ou
seja, o degrau apontado reflete a percepção dos indivíduos.
Também é levado em conta, tecnicamente se é possível dizer, outros
dados analisados como o desempenho da economia (medido pelo PIB per
capita), apoio social, expectativa de vida, liberdade de escolha,
generosidade e percepção de corrupção. Da primeira análise e desses
dados técnicos sai o degrau que o país vai ocupar.
Cada um dos países com suas mazelas, inclusive os poderosos. Mas
fica a pergunta: não está faltando nada nesse levantamento? A
humanização, essencial para balançar com mais suavidade as agruras
da vida, a meu ver. Porque se o serviço social, de saúde ou
hospitalar for precário os profissionais que estão na ponta do
atendimento deveriam compensar isso com atenção, olho no olho,
ouvindo o que o doente tem fisicamente, mas ir além, o que ele sente
e como se sente. A tecnologia impossibilita, atualmente, muitos
contatos mais pessoais, mas eles são imprescindíveis no trato do ser
humano, seja em que escala for, desde a recepção do paciente, da
dor, da angústia, da perda, em todas as frentes.
Sabemos que especificamente estes profissionais de saúde são
valorosos e também sofrem o stress de quadros enxutos e pagamentos
insuficientes, mas essa questão da falta de humanização vai além.
Atravessa o ambiente assistencial, ganha a rua e se instala no
confronto diário nas filas do transporte, na falta dinheiro mesmo
para o alimento, em pouso para descansar o andarilho, nos problemas
longe de solução das drogas.
Não teriam nossos gestores de lançar um olhar acurado a todos os que
necessitam de coisas materiais mas também para o acolhimento, a
bondade e não a frieza, o desinteresse, a ganância, o egoísmo, o
ganho, a corrupção – esta filha das que a precedem neste texto.
E
não deveríamos nós, simples mortais mas que estamos em melhores
condições de vida também olhar para quem está ao nosso lado? Se não
tiver bens materiais para compartilhar, por que não bater um papo,
dirigir um sorriso? Já tentou fazer isso? Faz diferença e ajuda por
pouco que seja, o equilíbrio emocional das pessoas. Tente, faça
disso o seu propósito para 2018 como se ele fosse fazer parte do
Índice do Bem-estar do brasileiro.
*Zaíra
Barros
é jornalista (Faculdade de Jornalismo
Cásper Líbero) com experiência de 13 anos em imprensa diária (FSP),
em coberturas, produção e edição de conteúdos e publicações de
jornais e revistas de entidades e empresas. É diretora da Editabr
Comunicação e Editora e editora do Jornal Odonto.A Editabr assessora
e faz a gestão da Campanha Sorria para a Vida da Associação
Brasileira de Cirurgiões-dentistas (ABCD) e assessora a Associação
Brasileira de Ensino Odontológico (Abeno). Em 2017 produziu e editou
o livro 100 Anos da ABO, com 271 págs., abrindo um novo nicho de
negócios na empresa.
zairabarros@editabr.com.br |
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