Ano X nº 147 -

Últimas Notícias

Artigos/Crônicas

Bastidores

Cash

Corpo&Cuca

Editorial

Empresas

Lazer&Cia

Mural/Cartas

Na Rede

Pesquisa&Tecnologia

Profissão

Saúde

Saúde Bucal

3º Setor

Utilidade Pública

SERVIÇOS

Anuncie

Expediente

Fale com o JSO

Arquivo JSO

Legislação

Estatística

LINKS ÚTEIS

Agenda grátis

Clima/Tempo

Concursos

Cotações/Moedas

Horóscopo

Portal da Câmara

Portal do Consumidor

Viagens

 

Estudo traça perfil da saúde do brasileiro

O brasileiro está mais alto e morre menos de doenças do coração. Em compensação, está mais gordo e morre mais de diabetes. A conclusão está em dados preliminares de um estudo divulgado na última semana pelo Ministério da Saúde, intitulado Saúde Brasil 2008.

O trabalho constata mudanças no perfil nutricional brasileiro. O País sai de um estado de desnutrição para o sobrepeso: 43,3% das pessoas com mais de 18 anos de idade que vivem nas capitais estão com o peso acima do ideal. O Saúde Brasil 2008, publicação anual da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), abrange os 20 anos do Sistema Único de Saúde (SUS) e aponta outro dado importante: o número de mortes de crianças com menos de 1 ano por diarreia caiu 93,9% em 25 anos, passando de 32.704 em 1980 para 1.988 em 2005.

Essa é a primeira vez que o estudo traz informações sobre altura e risco de obesidade. Os números apontam que, com a melhoria do padrão nutricional das crianças brasileiras, o déficit de altura nas meninas menores de cinco anos, um dos principais indicadores de desnutrição, caiu 85% de 1974 a 2007. Entre os meninos, no mesmo período, a redução foi de 77%. Em números gerais, os índices de desnutrição caíram. Em 1996, atingia 13,4% das crianças com menos de 5 anos. Em 2006, caiu para 6,7%. Dados da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS), do Ministério da Saúde, demonstram que a desnutrição chegava, em 1996, a 13,4%  das crianças com menos de cinco anos. Caiu para 6,7% em 2006 – queda de 50% em dez anos.

Isso significa que, num prazo de 10 a 15 anos, a desnutrição será praticamente nula. Em contrapartida, a população não está se alimentando de maneira saudável. Está ingerindo mais alimentos gordurosos e fazendo menos exercícios físicos, principalmente os adolescentes. O Brasil está saindo de um estado de desnutrição para o sobrepeso. Para chegar a tais números, a pesquisa Saúde Brasil 2008 comparou o resultado de cinco questionários domiciliares sobre estatura e Índice de Massa Corporal (IMC) realizados no Brasil entre 1974 e 2007.

Ainda em relação à altura, segundo o Saúde Brasil 2008, os ganhos – cada vez mais próximos do padrão internacional estipulado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) – ocorrem também nos adolescentes de 10 a 19 anos. Nessa faixa etária, a redução foi de 70%, aproximadamente, em 29 anos (1974-2003). “Uma vez que se tem maior acesso a alimentos, as crianças podem crescer em todo o seu potencial genético. Assim, as novas gerações estão ganhando em altura” explicou ao site do Ministério da Saúde, Deborah Malta, uma das responsáveis pela pesquisa Saúde Brasil 2008 e coordenadora-geral de Doenças e Agravos Não-transmissíveis do Ministério. Os reflexos são vistos na idade adulta: as mulheres ganharam 3,3 cm em 14 anos - passando de uma média de 1,55m, em 1989, para 1,58m, em 2003 –, enquanto os homens aumentaram 1,9 cm no mesmo período, chegando a uma média de 1,70 em 2003. Entretanto, esse ganho de altura entre os adultos permanece abaixo do padrão mundial usado como referência.

Obesidade – O Saúde Brasil 2008 aponta também um aumento na relação entre peso e altura, apurada através do Índice de Massa Corporal (IMC). A tendência de crescimento é maior entre os meninos de 10 a 19 anos. Esse grupo apresentou o maior risco de obesidade, com um aumento de 82,2% do IMC em 29 anos. Entre as meninas de 10 a 19 anos, o aumento do IMC foi de 70,3%. Contudo, no caso delas, existe uma tendência a estabilidade. Elas apresentam índices próximos do padrão de referência. Também há diferença entre os dois sexos na idade adulta. Enquanto o risco de obesidade dos homens aumentou constantemente em 29 anos, as mulheres mantiveram o índice estável nos últimos 15 anos da análise. Para Deborah Malta, o aumento do peso é uma tendência mundial que reflete as mudanças no padrão de alimentação e do estilo sedentário da população. “Em todo o mundo, aumentou o consumo de alimentos industrializados, com mais gordura e açúcar”, disse.

No Brasil, entre 1974 e 2003, as mulheres ganharam 1,6 kg/m² e os homens, 2,2 kg/m². O estudo Saúde Brasil 2008 indica que, apesar do aumento, a média do IMC do brasileiro ao fim do período avaliado está muito próxima dos 25 kg/m². O sobrepeso é caracterizado quando o IMC ultrapassa esse valor e a obesidade, quando o índice fica acima de 30. O excesso de peso atinge uma parcela significativa da população. Dados do Ministério da Saúde de 2008 apontam que 43,3% das pessoas com mais de 18 anos que vivem nas capitais estão com sobrepeso.

Menos doenças cardiovasculares – Mesmo com uma tendência maior à obesidade, o estudo do Ministério da Saúde aponta queda de 20,5% nas mortes por doenças cardiovasculares no período de 16 anos. Por outro lado, o número de casos de morte por conta do diabetes cresceu principalmente entre o homens de 40 anos de idade ou mais, sendo de 2,3 ao ano.

Principal causa de óbito no Brasil, as doenças cardiovasculares, que inclui o infarto e o acidente vascular cerebral (AVC), matou cerca de 300 mil pessoas em 2006, quase 30% do total de óbitos registrados. Já as mortes especificamente por doenças cerebrovasculares tiveram uma redução de 30,9% no mesmo período. Houve aumento nos óbitos por diabetes como causa básica, que passaram de 16,3 para 24 por 100 mil habitantes.

Uma redução expressiva nas mortes por doenças cardiovasculares foi observada na população de 20 a 74 anos. Nessa faixa etária, o risco de morte caiu de 187,9 por 100 mil habitantes, em 1990, para 149,4 por 100 mil habitantes em 2006, o que representa queda de 1,4% ao ano. As reduções mais significativas estão nas regiões Sul e Sudeste, que apresentam declínio desde 1990, enquanto a região Nordeste apresentou aumento. O Brasil Saúde 2008 aponta, também, que os jovens de 20 a 39 anos estão morrendo menos por doenças cardiovasculares. Para as mulheres jovens, a queda anual foi de 3,6%, enquanto que para os homens foi de 3,3% ao ano.

De todas as causas específicas do aparelho circulatório, os óbitos por doenças cerebrovasculares, especificamente o AVC, foram a primeira causa, com 9,4% de mortes, seguidos pelas doenças isquêmicas do coração (8,8%), como infarto. A tendência de queda é ainda maior quando analisadas as mortes por doenças cerebrovasculares: houve redução de 30,9% entre 1990 e 2006. Na população de 20 a 74 anos, a taxa passou de 64,5 por 100 mil habitantes para 44,6 por 100 mil habitantes no mesmo período. Essa diminuição é observada em todas as faixas etárias, tanto nas mulheres quanto nos homens, com maior declínio na região Sul (4% ao ano). As regiões Sudeste e Centro-Oeste também apresentaram reduções importantes. Nas regiões Norte e Nordeste, as taxas se mantiveram estáveis entre 1990 e 2006.

O risco de morte por doenças cerebrovasculares entre jovens de 20 a 39 anos apresenta redução considerável tanto para as mulheres (4,6% ao ano) quanto para os homens (4,8% ao ano). Essa tendência se estende a todas as faixas etárias. “As pessoas estão mais informadas sobre os fatores de risco, o que ajuda a evitar a morte prematura por doenças crônicas”, afirmou Otaliba Libânio Neto, diretor do Departamento de Análise de Situação de Saúde da SVS, ao site do Ministério.

As taxas de mortalidade para as doenças isquêmicas do coração também caíram para todas as faixas etárias e ambos os sexos nas regiões Sul e Sudeste, sendo mais significativo no Sudeste para mulheres de 20 a 39 anos (4,1% ao ano). Na região Nordeste, no entanto, foi registrado aumento de 1,4% ao ano. Das doenças isquêmicas, o infarto agudo do miocárdio corresponde a 6,7% da proporção de óbitos.

Diabetes – O estudo aponta, por outro lado, tendência de aumento nas mortes por diabetes, de 1990 a 2006, ao se considerar apenas o óbito por causa básica. Nos adultos de 20 a 74 anos, o risco de morte passou de 16,3 por 100 mil habitantes, em 1990, para 24 por 100 mil habitantes, em 2006. O aumento está mais concentrado entre os homens com 40 anos de idade ou mais, sendo de 2,3% ao ano. A partir dos 60 anos, esse aumento é de 3,5% ao ano. Para as mulheres na mesma faixa etária, o aumento é de 1% e 1,7% ao ano, respectivamente. Já entre os jovens de 20 a 39 anos houve redução de 1,6% para mulheres e 1,5% para homens.

Diarreia mata menos – O estudo do Ministério da Saúde mostra uma queda no número de mortes de crianças menores de 1 ano por diarreia. De 1980 a 2005, o número passou de 32.704 para 1.988, uma queda de 93,9%. Com a redução, o problema deixou de ser a segunda causa de mortalidade infantil (24,3% em 1980) no Brasil e passou para a quarta posição (4,1% em 2005), de um total de seis principais causas. No mesmo período, o número absoluto de mortes infantis caiu 71,3% - de 180.048 para 51.544.

Além da diarreia, outros quatro grupos de causas de mortalidade infantil apresentaram redução no mesmo período. A queda foi de 97,2% no número de óbitos infantis por doenças imunizáveis (como poliomielite e sarampo); de 89,2% por desnutrição e anemias nutricionais; de 87,5% por infecções respiratórias agudas (como pneumonia); e de 41,8% por afecções perinatais - problemas que acometem as crianças na primeira semana de vida, ainda que a morte ocorra depois. O grupo de malformações congênitas, como causa de óbitos, por sua vez, manteve-se estável.

As maiores taxas de mortalidade infantil estão na região Nordeste e na Amazônia Legal - juntas, elas concentraram, entre 2000 e 2007, mais de 50% do total nacional. Nesse período, ocorreram 446.027 mortes. Em 2007, a taxa de mortalidade infantil foi de 19,3 mortes por mil bebes nascidos vivos. Em 1990, o índice era de 47,1. A queda do número de mortes infantis por doenças imunizáveis, como sarampo, foi de 97,2% entre 1980 a 2005. No mesmo período, caíram 89,2% as mortes por desnutrição e anemias nutricionais e 87,5% por infecções respiratórias agudas.

Fonte: Ministério da Saúde

 

Edição: 147 - 26/11/2009

 

VEJA MAIS SOBRE SAÚDE


Copyright © 1999 Edita Comunicação.Todos os direitos reservados. Este material não pode ser publicado,
transmitido por broadcast, reescrito ou redistribuído sem prévia autorização por escrito