SAÚDE BUCAL
Edição 152 - 10/04/2010
Cárie também tem a ver com a genética
A influência da genética
sobre as cáries dentárias foi comprovada pela Dra. Renata Iani Werneck, CD
que procurou estudar o assunto depois de muito observar o comportamento de
seus pacientes e respectivas famílias.Mesmo em condições semelhantes de bons
hábitos regulares de higiene oral, alguns grupos familiares mostram maior
propensão à carie do que outros.
Numa tese de doutorado
defendida na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), ela provou
que os genes têm a ver com as cáries, além do que as pessoas mais
suscetíveis têm até nove vezes mais incidências da doença do que as que
possuem proteção. “Eu não consigo saber qual é o gene, mas posso dizer que
ele existe, que foi detectado pela análise”, disse a CD em entrevista à
Revista Época e ao portal G1.
Estudo foi feito com
segregação complexa
Dentre as três doenças
crônicas mais comuns nos consultórios odontológicos, a cárie é uma delas,
junto com a doença periodontal e a má oclusão. Cerca de 60% a 90% das
crianças em idade escolar e a maioria dos adultos são afetados diretamente
pela cárie dental. São dois os fatores variáveis ambientais importantes que
contribuem para a predisposição da doença: idade e gengivite. Ainda segundo
a Dra. Renata,quanto mais novo o paciente, mais proteção.
Quanto ao trabalho
realizado, explica que “embora um componente genético para suscetibilidade à
cárie já tenha sido demonstrado em pesquisas anteriores, a exata natureza e
a extensão deste componente é ainda desconhecida”. A partir dessa
investigação, ficou claro que a literatura científica se limitava a mostrar
análises primárias, que apontaram para genes do sistema imunológico e do
esmalte dentário como fator do desenvolvimento da cárie. O estudo feito de
segregação complexa feita pela CD foi mais além. E, com base nos resultados
obtidos, ela tentará avançar, colhendo o DNA dos pesquisados, para trabalhar
seu código genético.
Variáveis ambientais
em colônia de hansenianos
Para desenvolver a tese
de influência genética sobre as cáries, Renata trabalhou com parentes de 11
famílias da Colônia Santo Antônio do Prata, que reúne pacientes hansenianos
desde 1920 no Interior do Pará e funciona em regime de isolamento até hoje.
Foram pesquisadas 451 pessoas cujos hábitos alimentares e de higiene oral
são iguais. Outro detalhe importante foi que nesse lugar a dieta é rica em
elementos cariogênicos, os padrões de higiene oral são baixos e a água
utilizada não contém flúor, substância que funciona bem na prevenção da
cárie. Daí a escolha pela colônia. “Sabe-se que a cárie sofre grande
influência das variáveis ambientais. Se a minha amostra tem muita força
dessas variáveis, eu não consigo olhar para o efeito genético. Trabalhando
com essa população, eu consegui controlar as variáveis antes da coleta de
dados”, concluiu. Do total da população pesquisada na colônia, 86 tinham
hanseníase e esta doença não influencia na prevalência de cáries.
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